Conheça a Técnica de Consórcio de Culturas
Conhecida também como consorciação, o consórcio de culturas consiste no plantio de uma ou mais espécies de plantas distintas que dividem a mesma área. No caso, as espécies podem ser plantadas simultaneamente ou em períodos diferentes definidos estrategicamente. É o caso do milho, que como veremos mais adiante, pode crescer cercado pelo feijão ou cana.
Quais vantagens dessa técnica?
Otimização dos recursos do solo
O consórcio de culturas permite utilizar o solo de forma maximizada, pois ao invés de plantar uma única espécie no local, ele aproveita os espaços livres ocupando-os com outras plantas.
Também há uma melhora na conservação do solo, uma vez que a presença de duas ou mais espécies com diferentes características fisiológicas e químicas faz com a terra fique menos propensa a perdas por erosão.
Ainda é preciso considerar o aumento do potencial produtivo da área, pois com maior cobertura de matéria viva e morta, durante mais tempo, ela passa a ser mais nutritiva.
Diminuição de pragas na lavoura
Uma espécie cultivada sozinha demanda mais defensivos agrícolas do que as variedades criadas em consorciação. Isso porque as pragas e ervas daninhas se proliferam mais facilmente quando não há interferência de outras plantas.
Assim, o consórcio de culturas auxilia no controle desses ataques, já que cria uma rede de competição de nutrientes e predadores benéficos às espécies típicas da lavoura.
Aproveitamento de água
Também, o consórcio de culturas, ajuda a maximizar o aproveitamento de água, uma vez que a mesma fica mais tempo no solo quando há presença de espécies cultivadas simultaneamente. Uma vantagem realmente significante para regiões do Brasil onde há pouca chuva.
Quais os tipos de consórcio de milho mais comuns?
Consórcio de milho com feijão
Esse tipo de consorciação é mais comum na agricultura familiar e trata-se de plantar o feijão nas linhas e entrelinhas do milho. O feijão pode ser semeado ao mesmo tempo com o milho, tanto na hora do plantio deste ou quando já estiver crescido.
Além do feijão, podem ser consorciadas com milho outras leguminosas, tais como crotalária e mucuna anã. Esse tipo de consórcio produz significativo aporte de nitrogênio no solo.
Consórcio de milho com braquiária
Muito comum na região Centro-Oeste do Brasil, a consorciação de milho com capim braquiária traz muitos benefícios para a lavoura. Dentre eles estão a proteção e aumento de nutrientes do solo.
Isso se deve ao ciclo de vida da braquiária, planta que cresce para além da colheita do milho, fazendo com que o solo fique protegido no período chuvoso da primavera, o qual geralmente causa bastante erosão na superfície.
Para fazer esse consórcio, pode-se plantar a braquiária antes ou durante a semeadura do milho e o plantio deve ser feito nas linhas e entrelinhas do milho.
A partir dessa consorciação, a braquiária pode usada para pastejo, já que animais de um a dois anos de idade podem consumir a braquiária para aumentar o peso. Ainda mais durante os meses de agosto e outubro, quando geralmente há baixa disponibilidade de pastagem na região central do Brasil.
Consórcio de milho com cana
Geralmente, esse tipo de consórcio não é bem visto pelos produtos, mas recentemente a Embrapa realizou um estudo que comprovou os benefícios dessa fusão para o mercado de cana.
Experimentos feitos pela Embrapa Cerrados (Planaltina- DF) mostraram o aumento da produtividade da cana de açúcar quando consorciada com milho.
Observou-se que a cana plantada sozinha, em março de 2016, produziu 114 TCH (Toneladas de Colmos por Hectare). Já a consorciação cana e milho, plantada em novembro de 2015, gerou 127 TCH. Além disso, os testes apontam que a produtividade do milho não foi prejudicada pelo consórcio.
Outra descoberta foi a de que esse tipo de consórcio pode antecipar o plantio da cana que tradicionalmente era plantada no fim do período chuvoso. Como o consórcio proporciona excelente brotação, a cana pode ser plantada no início do período chuvoso.
Nesse sentido, o produtor pode aumentar a área de cana que era plantada no fim do período chuvoso, intensificando o plantio de cana consorciada com milho no início das chuvas. Assim, evitam-se complicações inerentes ao cultivo da cana nesse período, como por exemplo, a erosão do solo.
Essas foram algumas informações sobre os consórcios com milho. Para obter ainda mais benefícios dessa técnica de plantio, é interessante aproveitar as tecnologias proporcionadas pela agricultura de precisão, como por exemplo, os sistemas integrados de monitoramento que podem ajudar na tomada de decisões.
fonte: Geoagri